
28 junho, 2009
Suavidade

22 junho, 2009
exaustão
20 junho, 2009
Meu favorito

Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
sem pergunta.
Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.
Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.
Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.
Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.
Cecilia Meireles
Amor Mais Que Discreto
Talvez haja entre nós o mais total interdito
Mas
você é bonito o bastante
Complexo o bastante
Bom o bastante
Pra
tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante
Que antes de te
conhecer
Eu não cheguei a ser
Eu sou um velho
Mas somos dois meninos
Nossos destinos são mutuamente interessantes
Um instante, alguns
instantes
O grande espelho
E aí a minha vida ia fazer mais sentido
E
a sua talvez mais que a minha,
Talvez bem mais que a minha
Os livros,
filmes, filhos ganhariam colorido
Se um dia afinal eu chegasse a ver que
você vinha
E isso é tanto que pinta no meu canto
Mas pode dispensar a
fantasia
O sonho em branco e preto
Amor mais que discreto
Que é já
uma alegria
Até mesmo sem ter o seu passado, seu tempo
O seu agora, seu
antes, seu depois
Sem ser remotamente
Se quer imaginado
Se quer
imaginado
Se quer Por qualquer de nós doisCaetano Veloso