26 março, 2009

Inquietudes

* Bateu um vento suave e lhe levou todas as pétalas. São assim as flores de vento, um sopro mais forte de uma criança ingênua lhe faz despedaçar toda. São assim as pobrezinhas das flores e são assim as mulheres algumas vezes.

* Escorre por entre meus dedos tudo aquilo que ainda não tive. Os meus desejos, todos eles tão esperados, me escapam por entre frestas. Tenho sentido saudade e até mesmo uma certa nostalgia de tudo aquilo que ainda não tive.

* Eu quero lhe dizer o que palavras não exprimem, queria tocar toda a verdade com a ponta dos dedos e lhe entregar como presente.

* Conheci artistas de um espetáculo que não é meu. Fui eu artista de mim mesma, representei o papel que me sobrou e que julguei ser a saída.

* Insanamente escrevo e lucidamente reconheço o peso morto que junto em minhas gavetas. O amor só faz sentido se vivido e nunca esquecido.

* Minha medida é desmedida, meu relógio perdeu os ponteiros, meu caminho se perdeu do rumo e você como vai?

* Querer... não apenas querer, mas sobretudo acreditar.

* Encontrar esta ai o meu sonho, o meu desejo, a minha paz.

* Não é capaz de perdir perdão a quem merece, perdeu essa capacidade, junto com tantas outras. Com o passar do tempo se acostuma com tudo até mesmo a se ver meio distorcida na imagem do espelho.

* Do mundo que abandonei ficaram pedras que edificaram a casa que insistentemente construo para me abrigar da chuva.
Ana Fenner

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