28 junho, 2009

Suavidade


Uma brisa leve levanta a poeira, levando tristezas ao vento e deixando aqui um sentimento delicado de quase paz. A suavidade de sentimentos nobres e afetuosos faz com que o semblante antes pesaroso se torne sereno. A condição é a mesma, mas busca-se na serenidade uma nova forma de se relacionar. Aos poucos o objetivo se torna a tolerância. Somente diante da compreensão é possível viver com o outro e ainda que pareça utópico é necessário empreender um esforço em busca da superação individual. A vida nos inflige um ritmo alucinado, nos cobra intensidade e nos perdemos em busca de ideais materialistas. É preciso notar que a vida é mais que trabalhos e relatórios, a vida é mais que o que a nossa sociedade capitalista nos ensina e impõe. O fundamental encontra-se discretamente entre os pequenos milagres: uma criança descobrindo o mundo, o sorriso espontâneo diante das boas novas, a alegria do encontro e o amor em sua plenitude.
Ana Fenner

22 junho, 2009

exaustão

Bobagem fingir que tudo isso faz sentido, eu já nem me importo mais. Meus olhos estão cansados e minha mente quer descansar. Sofro a dor de outros, de mim mesma quase já não tenho recordações. Por que caminhos andei, daquilo que me faz falta ou do que gosto ...quase me esqueço, disso tudo já não sei. Fui fazendo por uns, esquecendo por outros, fui tomando pela mão quem andava por ruas desertas e fiquei a deriva. Cansei de um cansaço inominável e vou ficando assim como quem só deseja partir, recomeçar, desistir. É que amar não é fácil, crescer também não e estar sozinho menos ainda. A verdade é que venho sofrendo de uma solidão inconfessável, nada nem ninguém me basta e a bem da verdade por mais que me doa eu também não basto a ninguém.
Ana Fenner

20 junho, 2009

Meu favorito


Sugestão


Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.

Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.
Cecilia Meireles

Amor Mais Que Discreto

Talvez haja entre nós o mais total interdito
Mas
você é bonito o bastante
Complexo o bastante
Bom o bastante
Pra
tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante
Que antes de te
conhecer
Eu não cheguei a ser
Eu sou um velho
Mas somos dois meninos
Nossos destinos são mutuamente interessantes
Um instante, alguns
instantes
O grande espelho
E aí a minha vida ia fazer mais sentido
E
a sua talvez mais que a minha,
Talvez bem mais que a minha
Os livros,
filmes, filhos ganhariam colorido
Se um dia afinal eu chegasse a ver que
você vinha
E isso é tanto que pinta no meu canto
Mas pode dispensar a
fantasia
O sonho em branco e preto
Amor mais que discreto
Que é já
uma alegria
Até mesmo sem ter o seu passado, seu tempo
O seu agora, seu
antes, seu depois
Sem ser remotamente
Se quer imaginado
Se quer
imaginado
Se quer Por qualquer de nós dois

Caetano Veloso

junto

Minha casa, minha família... meus amores. A casa ganha cores que antes pareciam opacas, os sons são de risos e a paz é compartilhada. Por nos encontrarmos, por matarmos a saudades, por estarmos juntos o mundo agora é de acalento. Agora encontro-me em segurança, agora estou junto.
Ana Fenner

17 junho, 2009

Resposta nada literária

''Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.'' (Luis Fernando Veríssimo)
Após algumas semanas de silêncio venho através deste manifestar minha opinião. Na verdade isto é a resposta que alguns tanto esperam, como me foi dito o que bem pensaram, considero-me no direito de escrever o que bem entender...não se preocupem, não postarei fotos de ninguém, é que para quem não sabe existe uma lei neste país que proíbe a exposição da imagem de outrem sem a devida autorização do mesmo. Surpresos??? Eu não os acuso, alguns jornais de grande circulação desconhecem esta regrinha básica, portanto como esperar que alguém leigo em direitos civis pode ter tal conhecimento não é mesmo? Se não estou errada, alguém leigo em direito também não se encontra apto a se tornar juiz de nenhuma sentença, ou estou errada? Mas vamos deixar isso de lado não é mesmo? Ninguém aqui pretende elucidar o código penal, mesmo porque sou terapeuta ocupacional e até que provem o contrário nada tenho que julgar a outros. Então vamos mesmo ao que interessa, ouvi a seguinte frase: “quem anda com porco acaba no chiqueiro”, entre outras pérolas de indelicadeza e desrespeito. A quem me disse isso e a outros que disseram o mesmo, indiretamente, quero alertar que resolvi aceitar o conselho e, portanto não andarei mais com “amigos”como vocês, lamento, mas vocês fedem... fedem a hipocrisia e falta de bom senso. Olha eu nada tenho contra a opinião alheia, acredito e defendo o direito de todos pensarem livremente, mas como alguns que se diziam tão meus amigos não puderam se abster de dizer suas opiniões em um momento em que decididamente ela pouco me interessava eu acredito que tenho o direito a resposta. Deixo claro que não estou aqui a defender ninguém que não seja eu, defendo o direito de crer nas pessoas que gosto, o direito de me entristecer com a dor daqueles a quem quero bem e principalmente o direito de me calar ou me zangar diante da curiosidade disfarçada de preocupação que me fez ter mais “amigos” em uma semana que em uma vida inteira. O que realmente me espantou foi a velocidade em que alguém que até outro dia nada tinha feito contra ninguém se tornou o vilão número um e o quanto na mesma velocidade eu me tornei a menininha boba e ingênua que nunca fui. Para maiores esclarecimentos eu poderia tentar explicar a todos o que aconteceu, mas não o farei, mesmo porque dar maior publicidade ao caso não é minha intenção e a quem se dirige este texto compreende muito bem sobre o que falo. Também não darei explicações porque aos verdadeiros amigos pouca ou nenhuma explicação é necessária e os outros infelizmente acreditam em tudo o que lêem e não estão preocupados em apurar os fatos. Por fim eu só queria fazer a seguinte pergunta: você acredita em tudo que lê??? Se sua resposta for sim aceite um conselho, abandone o habito da leitura e vá praticar um esporte, você ganhará mais e prestem bem atenção: nada de andar com porcos kkk
Ana Fenner

10 junho, 2009

Cronicidade

Sofro de ansiedade crônica. Meu coração adquiriu este descompasso e insiste em bater forte contra a corrente. Minhas tristezas são frutos de devaneios causados por uma mente que insiste em refletir demasiadamente. Minhas mãos não tocam meus pés se o meu joelho estiver esticado, mas minhas mãos alcançam as suas se você quiser seguir comigo. Meus olhos são ótimos e às vezes insisto em perder o foco, porque não quero mesmo ver certas coisas. Se quem eu amo me fere, haverá mil chances a mais e esquecerei quantas vezes forem necessárias. Para os meus erros ( não são poucos) peço uma dose extra de paciência e para minhas neuroses pode haver pulso firme. Não sou difícil assim, só um pouco complexa. Não me faça esperar porque meu tempo é outro, meus desejos são estes e minha vontade vai além do que se vê.
Ana Fenner

08 junho, 2009

Desinteresse

Ando por ruas que não conheço, permito me deixar levar por onde nunca estive. Eu já não corro, já me perdi no tempo, o relógio já não me diz mais nada. Encontro-me distraída e confusa, nada me prende, nenhum assunto realmente me interessa.
Ana Fenner

04 junho, 2009

Armou-se o picadeiro

Estava escuro a ponto de não ver ninguém, de repente foram acendendo uma luz sobre mim e outras luzes mais claras foram tornando evidente a multidão que me espreitava. Quando me dei conta estava eu no picadeiro, virei eu também atração do circo de horrores . A platéia aguarda ansiosamente um número revelador, esperam que eu faça algo de trágico ou quem sabe até mesmo cômico. Eu estou perplexa, vou ficando ali sem atitude alguma. De repente parece que o destino ou alguém vai mudando as regras do jogo, fazendo da gente apenas marionetes.
Ana Fenner