26 março, 2009

Ana e o Mar



Veio de manha molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar... e se entregou ao vento
O sol veio avisar... que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar... Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada num farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?

Ana e o mar... mar e Ana
Historias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar... mar e ana
Todo sopro que apaga uma chama
reacende o que for pra ficar


Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
abençoando ondas cada vez mais altas
barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
desse novo amor... Ana e o mar

Teatro Mágico

Inquietudes

* Bateu um vento suave e lhe levou todas as pétalas. São assim as flores de vento, um sopro mais forte de uma criança ingênua lhe faz despedaçar toda. São assim as pobrezinhas das flores e são assim as mulheres algumas vezes.

* Escorre por entre meus dedos tudo aquilo que ainda não tive. Os meus desejos, todos eles tão esperados, me escapam por entre frestas. Tenho sentido saudade e até mesmo uma certa nostalgia de tudo aquilo que ainda não tive.

* Eu quero lhe dizer o que palavras não exprimem, queria tocar toda a verdade com a ponta dos dedos e lhe entregar como presente.

* Conheci artistas de um espetáculo que não é meu. Fui eu artista de mim mesma, representei o papel que me sobrou e que julguei ser a saída.

* Insanamente escrevo e lucidamente reconheço o peso morto que junto em minhas gavetas. O amor só faz sentido se vivido e nunca esquecido.

* Minha medida é desmedida, meu relógio perdeu os ponteiros, meu caminho se perdeu do rumo e você como vai?

* Querer... não apenas querer, mas sobretudo acreditar.

* Encontrar esta ai o meu sonho, o meu desejo, a minha paz.

* Não é capaz de perdir perdão a quem merece, perdeu essa capacidade, junto com tantas outras. Com o passar do tempo se acostuma com tudo até mesmo a se ver meio distorcida na imagem do espelho.

* Do mundo que abandonei ficaram pedras que edificaram a casa que insistentemente construo para me abrigar da chuva.
Ana Fenner

07 março, 2009

...


Ele vive dentro do aquário
Eu sou de sagitário
Ele nada pra viver
Eu vivo pra nada

Nero o imperador colocou fogo em Roma
Eu não guardo magoa
O Nero meu não morre afogado
Eu não me resguardo

Eu nasci pra amar
Ele é de rio não de mar
Ana Fenner

Presente

Nem bem começou o fim de semana e a doçura invadiu a porta da minha casa trazendo encantamento. Uma amiga foi quem trouxe a beleza e alegria que contagiou a manhã, trouxe de presente um peixinho beta (meu já amado Nero), trouxe assim de surpresa mesmo, nem chegou a entrar, bateu campainha e me entregou o presente e eu fiquei com a felicidade própria das crianças (cristalina e simples). Meus amigos são tão amorosos com seus atos singelos que me causam uma ternura sem fim. Passei a manhã brincando com Nero e a Lua (minha cachorrinha) e olha só esta casa esta se tornando mais habitada, somos agora três rs. Nos últimos tempos tem sido assim, quando minhas lembranças me enchem de saudades, vem logo alguém com um carinho todo especial. Os meus amigos não são anjos, mas me fazem acreditar em milagres. Principalmente neste milagre que não entendo: a vida.

Ps: Rachel lindeza obrigada pelo carinho, obrigada por alegrar não somente este dia mas todos os outros que passei em sua presença.Obrigada pelo lindo presente e por existir,.aliás você existe???
Ana Fenner

06 março, 2009

Desmedida


Olha não é por nada, eu não sou perfeita, não sou tão bozinha quanto parece. Olhe não vá levar a mau, é que eu também tenho meus pecados inconfessáveis. É que andei por estradas que não têm volta e mesmo assim queria regressar. Não sou tão meiga assim, não sou tão boa quanto queria ser. Meu coração ainda toma a frente das coisas, ele ainda manda e desmanda em mim. Se eu incômodo não é por querer não quero fazer barulho, quero apenas seguir. Às vezes acho que vou acabar muito cansada para continuar nadando depois caio em mim e vejo que surge força da onde eu nem imagino. A vida tem disso, é música q a gente não entende, mas acaba dançando.
Ana Fenner

03 março, 2009

O Fantástico Mundo Meu

Gosto de sorvete, mas do que de qualquer comida e é fácil me agradar assim. Não sou do tipo revoltada, nem faço o gênero passiva sou antes uma mistura de aceitações, infantilidades, lembranças, saudades e algumas poucas maturidades. Penso em voar de asa delta,mas nunca me sobra dinheiro, iniciativa e até mesmo vontade.
Sou do tipo que faz tempestades em copo d’água, levo algumas coisas ao pé da letra, depois me refaço e corro atrás do prejuízo.
Ciumenta por natureza e encontro ai minha maior neurose. Não me importo muito se você gosta ou não do meu corpo, aprendi a viver com minha assimetria. Não sou santa nem puta, nem pobre nem rica, não gosto de pessoas convenientes e ás vezes minto por comodidade. Tenho meus vícios, minha manias, minhas imperfeições, já quis mudar o mundo (e continuo querendo rs), já perdi as esperanças e conquistei a fé.
Vou ao cinema com certa freqüência, quase não assisto novelas, adoro escutar músicas, acho teatro um obra de arte,mas amo mesmo é ler. Livros roubam minha atenção e conquistam minha alma.
Admiro rebeldias, quem dá a cara a tapa e vai a luta. Sou feita de sonhos, paixões e desejos.
Eu: imperfeita, incoerente, incógnita e completamente instável
Ana Fenner

02 março, 2009

ela

         Sentada sem dizer nada, só olhando e percebendo o que eu
          digo
Calada, impassível, impossível
Sabendo que sob cada palavra vem uma
dose de desejo
Destilando a cada olhar a palavra que eu queria dela
escutar

Deitada,
mesmo sem querer
Sendo minha
Sempre sem saber
Que não sai da minha
cabeça

A cor da
pele
O pelo
Pelo que sempre busco
Pelas ruas em que nunca ando
Quando não estou com ela

Sem qualquer
métrica, sendo a máxima
A única
personificação pura do meu desejo
Sendo a única que me fez
Querer e ter
Num só momento

Sendo o que não sei ver
em outra
Apenas nela
É tudo: ela

Caldeira

Velório

Vamos lá, sepultar tudo o que ficou e já não volta. Vamos colocar fim nas lágrimas malbaratadas, vamos economizar palavras que não refletem a sinceridade. Vamos jogar fora toda roupa não usada, vamos gritar bem alto que aqui estamos para o enterro.
Por arremate vamos enterrar tudo o que foi feito levianamente, vamos colocar um fim nos dramas elaborados por situações que mais tarde descobrimos serem inventivas.
Quero registrar aqui e agora que me fere a ausência da verdade, quero dizer que julguei errado, que acreditei mais do que deveria e me maltratei por isso. Quero que se ponha fim no picadeiro que alguém armou e que me sobrou o papel do cão amestrado.
Anseio que se queime a culpa, o remorso e todas as tolices sentidas em prol de uma ilusão. Perdemos o juízo, a razão e a generosidade, colocamos a cabeça a premio e esperamos que alguém nos arrematasse.
Desejo que o cenário mude, que os personagens se encontrem e esta é a coisa mais honesta dos últimos tempos... quero mesmo que se coloque fim pra que haja progresso. Venha você comigo a dizer para aqueles que já não escutam, venha me ajudar a desenhar para aqueles que já não vêem, eu almejo um presente diferente, quero que os amigos voltem a ser amigos, quero que as pessoas sejam vistas exatamente como são (que não sejam glorificadas pelo mérito que não tem e nem que sejam desprezadas pelas qualidades que lhe faltam).
Este é o meu protesto em busca da veracidade na sua face maior
Ana Fenner

Acredito

Eu acredito nas pessoas e na força que isso tem. Eu acredito em sonhos e no seu poder de transformação. Eu acredito no amor e na sua magnitude. Eu acredito em você e acredito em mim. Acredito que palavras doces suavizam um coração, um abraço diz mais que mil palavras e pra que haja mudança é preciso dar um passo em outra direção. Eu estou aqui pra dizer que acredito, afirmando isso minha fé se fortalece e declaro meu amor. Eu acredito no meu sorriso espontâneo (que voltou para ficar), acredito nas luzes da cidade que encantam meus olhos, no poder de ser criança, mulher, anjo, imperfeita, incoerente e imprecisa. Acredito no caminho que escolhi e nas coisas que resolvi abandonar. Sinto meus sonhos a tocarem a palma da minha mão e assim descubro a beleza que é estar viva.

Das palavras de Cecília Meireles

Cecília é uma doçura de ler:

"No mistério do Sem-Fim,
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, urna violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de urna borboleta."
Cecília Meireles

Mascara's


Costurei retalhos de uma vida, juntei com retalhos deste ultimo ano e chego a incontestável conclusão que sou artista de mim mesmo. Pelo palco me invento, me desmancho e reconstruo. Faço dos espectadores personagens deste filme que vejo em preto e branco e por vezes colorido. Vou jogando o jogo no qual sou apenas peça e me deixo jogar. Vou recriando os cenários, vou refazendo meus personagens prediletos e me esqueço do canhão de luz que parece apontar sempre na direção oposta. Eu armo um escândalo interno pra brigar, mas sou incapaz de desferir uma palavra dura a você, tenho ensaiado falas românticas que engulo com meu orgulho ferido, tento um contra ataque, mas não existe “contra regras” e eu apenas sigo. Vou pisando sutilmente no palco, às vezes ensaio uma revelação, mas minhas máscaras já fazem parte do que sou. Você que vê, enxerga apenas o que deseja, para uns sou santa, pra outros palhaço, já fui a mocinha, protagonista, figurante, puta, ingênua, culpada e vitima. Olho para este palco, olho nos olhos daquele que me vê por minutos em cena e se considera capaz de um julgamento verídico da minha personalidade. Não conheço a mim porque então se julga capaz de me reconhecer? Sou tudo e não sou nada, a mim cabe juntar os retalhos espalhados pelo quarto e fazer com que eles façam algum sentido. E se acaso tiver curiosidade de que sou feita eu mesmo lhe direi: sou feita de papel, aço e ossos. Flexível, forte e quebradiça.
Ana Fenner

Ana

Este texto é da autoria da minha amiga/irmã Isa. Ela escreveu para mim e esta aqui postado,cheio de carinho dado e recebido. A você Isa meu muito obrigada.



"Imagina que a minha vida é como um jogo. Um jogo de peças... E eu sou uma peça...Tenho as peças mãe e pai. Mas faltou uma peça fundamental... A peça irmã...Só que essa peça irmã, teria que ser especial. Estava a procura de uma peça que tivesse muitas coisas em comum... Como "encaixe" da vida...Uma pessoa que assim como eu, não teria irmã e seria uma pessoa que me escutasse...Agora saindo do jogo de peças e indo para o jogo vida real...Conheci uma pessoa na época do jardim (segundo período ou pré). Com os anos de convivência no mesmo colégio, a pessoa tornou uma amiga e irmã (Achei a peça irmã).Passou infância (brincadeiras, exercícios para casa, educação físicas (aff), trabalhos em grupos); adolescencia (namoro, rolos, historias, discussões, confidencias, companheirismo) . Agora adultas (faculdade, serviços, empregos, estágios, viagens e namoros). E a nossa amizade dura....Quantas histórias engraçadas que se fosse publicado, teria inúmeras páginas.Somos unidas, confidentes, rimos juntas, defendemos uma a outra, já discutimos, afinal temos personalidade, rsrs. Somos diferentes em várias coisas e ao mesmo tempo temos coisas parecidas. Com um olhar sabemos o que a outra está pensando. As pessoas tem ciume de nossa amizade, acho que por durar tanto tempo...Já fizemos aula de forró. Já fomos em Macacos, Dores e quantas praias (Meaipe, Vitória, Vila Velha), Materlândia. Tirando os passeios aqui dentro de BH (boates, shows, festas, cinema, shopping)...Isso porque não consigo lembrar de tudo, rsrs.Ela sabe que no jogo da minha vida ela faz parte. Sabe também quem vai ser madrinha do meu casamento e dos meus babys, rsrs. Futuro, rsrs.Quero que ela saiba o tanto que eu a amo e que ela é peça fundamental na história que estou construindo. A história da minha vida! "

01 março, 2009

ISA

Quando eu era criança meu sonho era ter uma irmã. Um dia alguém me disse que irmãos não precisam necessariamente serem filhos dos mesmos pais e esta descoberta me fez ir em busca de alguém que pudesse ser minha irmã de eleição. Eu passei a buscar uma menina, sim tinha que ser uma menina para podermos falar de tudo sem constrangimento, ela teria que ser doce sem ser tola, teria que ter paciência para com meus defeitos, teria que ter ouvidos de escutar pois eu falo muito e anseio ser escutada, teria que ter olhos de ver para reconhecer minhas qualidades e me fazer ver através do seu olhar esperança quando eu pensasse em desistir. É claro ela teria que ser humilde, ter um sorriso sincero e ser bem honesta para comigo, mas buscava também por alguém que possuísse defeitos, porque sempre imaginei que se existisse alguém sem defeitos possivelmente a sua tolerância para os erros alheios seria zero, fora que sempre gostei mais de personalidades as avessas.Bem um dia conheci uma garota que se encaixava nisso tudo e imediatamente me fiz amiga dela e agora suspeito que ela também buscava por alguém para tornar irmã. São anos de amizade fraterna, são anos de histórias vividas, esquecidas e relembradas. São sonhos que fizemos juntas, lugares que visitamos, pessoas que conhecemos, namoros e rolos, brigas que compramos uma pela outra, alguns desentendimentos entre nós (ainda bem que eles existem), mudanças de comportamento, descobertas, tudo isso e outras tantas coisas foram experimentadas. Hoje olho para ela e reconheço seus menores gestos, sei quando esta triste, apaixonada, sem paciência, ansiosa, feliz ... Neste momento eu quero que ela saiba o quanto a amo e o quanto me orgulho dela,e que meu coração a elegeu para ser minha irmã nesta jornada que se chama vida.
Ana Fenner

Novas Paisagens

Eu troquei o salto alto por rasteirinhas. E descobri que assim meus passos são mais ágeis. Eu troquei o conforto da ignorância pelo olhar que se perde nos corredores, corredores sem vida e de janelas com grades. Eu troquei meu medo por um otimismo bárbaro. Eu me fiz de cega por causa do medo que sentia, mas agora mantenho meus olhos abertos a toda novidade que surge diante deles. Substitui minha dificuldade do toque por apertos de mãos desconhecidas e nem sempre limpas. Eu abandonei meus velhos preconceitos por ver que eles de nada me valiam e comecei a seguir um caminho que provavelmente deixará marcas por toda vida. Há estradas irreversíveis, quem um dia olhou jamais se esquece da visão que teve.
Ana Fenner

Sentidos

Meus sentimentos expostos como feridas abertas. Escrevo porque escrever é desaguar, confunde-se quem pensa que sou triste ou melancólica, não o sou. Tenho um sorriso declarado em um rosto que se esconde para expô-lo mais. Todo mundo é triste um dia, algumas pessoas chegam mesmo a ser por alguns meses e tem aqueles que afirmam nunca terem sido de fato felizes, para ser honesta estou convencida que a felicidade plena não é deste mundo, mas ainda assim posso afirmar que a felicidade vive a me espreitar. Exigimos dos outros tempo para nos escutar, paciência para com os nossos defeitos, perdão para nossas falhas e, sobretudo uma “alegria” constante (é chato quem esta triste, quem não é feliz). Veja bem que vivemos na era das altas tecnologias, hoje burrice é algo ignorado já que basta querer e se tem acesso a todo o tipo de conhecimento, veja bem que mesmo assim exigimos dos outros e de nós mesmos algo irreal. Porque não se declarar? Porque usar de subterfúgios para convencer aos outros o quanto somos “legais”? Este é meu espaço, estas são minhas declarações, são meus sentimentos patentes ,mas não é de forma alguma minha face, minha vida, meus sentidos. Não perca seu tempo tentando julgar minha literatura porque de ante-mão lhe digo que é pobre e tola. Não tente desvendar uma alma através de sua escrita, é preciso alma para absorver a essência de outra alma. É preciso ter conhecido o amor para amar.
Ana Fenner

Pretextos

Necessita-se urgente de pretextos... elaborações concretas sobre todas as formas de sentimento.
Anseio por veracidades maiores que nossa racionalidade, por paixões enlouquecedoras e paz.

Paz... por onde anda este conceito? Por onde vamos sem conhecimento e posse da tão sonhada felicidade?

Eu venho nua, meu passado não me ensinou a amar. Estou pronta pra aprender com você.

Não tenho fórmulas certas, nem nenhuma receita ante-passividade, o que lhe ofereço são beijos aflitivos, palavras vãs sobre a realidade e uma vontade difícil de se medir. O que tenho pra você é o que nunca ofereci pra ninguém, são arquétipos esquecidos em algum passado próximo, é a face de uma mulher que só sabia ser criança. E se isso tudo não for suficiente eu respeitarei, pois já tomei posse dos sonhos que criei aspirando teu sorriso.
Ana Fenner

Dos 24

Na verdade quando fazemos aniversário estamos encerrando a idade que dizemos fazer, quando se faz um ano você esta na verdade terminando seu primeiro ano de vida e se preparando para viver o segundo. Seguindo este raciocínio reverso vou criando expectativas sobre como é viver o vigésimo quarto ano. Bem tenho que dizer que durante os vinte e três que é a idade que completei a alguns dias me tornei uma estranha diante do espelho e dos amigos que são talvez o reflexo mais honesto de nós mesmos. Esta estranha não surgiu de repente ela se insinuou discretamente por entre meus gestos e atos, ela se ofereceu com suas olheiras a transformar meu rosto, foi tomando conta de mim, fazendo com que me desencontrasse do que um dia eu fui. Agora festejo com alguns quilinhos a mais tanto na estrutura física como na alma, levo um ar de quem se perdeu, se transformou, perdeu e finalmente se encontrou, quase que nesta ordem. Mostro-me mais mulher agora, com a certeza do que quero , de quem sou e do que fui. Não, não me tornei mais forte, nem mais decidida, me tornei apenas o que sou com falhas e acertos, com ganhos e perdas. E se você nunca perdeu me diz como é que vai achar? Do caos surge a luz.
Ana Fenner

Jardim

Uma certa felicidade invade e transborda por ruas antes desertas. Plantei esperanças em meu jardim, elas são flores delicadas que plantadas no momento certo resplandecem ao amanhecer e ao entardecer podemos colher frutos saborosos que levados a boca nos fazem aproximar das nuvens.
Sonhos, estes mistérios que nos fazem ver além, observar por entre frestas um futuro repleto. Sim são sonhos que agora alimentam minha alma. Vejo você e eu num futuro próximo vendo borboletas multicoloridas, observando pipas enfeitando o céu.
Este meu jardim ao céu aberto, enfeitado com um suave arco-íris que permanece na lembrança, é feito de afeto, flores chamadas amores, desejos de diversos sabores. Esse lugar secreto e mágico que eu visito ao fechar os olhos é minha paz, é minha calma, é meu animo renovado por palavras doces, por vibrações positivas...porque é chegado o tempo de prosseguir.

Ana Fenner

Alívio

Um vento sem rumo. Um barco sem vela. Uma vida sem prumo. Não há em quem apoiar, não há em que se escorar. Alguém nos disse que é preciso aprender a viver sozinho... e viver junto quem é que ensina? A sociedade não é cruel, o mundo não é cruel, o ser humano é que abandona o outro. Ninguém olha nos olhos, ninguém se importa.Passou ou vai passar, como tudo.É preciso tempo. E qual é o tempo? quem dita o tempo? Ninguém quer esperar pelo tempo, eu não quero esperar.
Preciso de alívio imediato.
Preciso de um calmante para a alma.
Ana Fenner

Fragmentos


Resquícios de uma noite mau dormida. Resquícios de uma vida adormecida.
Os meus olhos ainda procuram os dele quando acordo, e se eu sonho seu abraço se torna real.
É minha face no espelho que se recusa a acreditar, as olheiras me parecem tão injustas.

Escuto passos pela casa são todos que estavam aqui ainda ontem com outras máscaras,
uma vida reinventada, recontada...uma noite desperdiçada.

Meus pés estão sobre um chão sujo e gélido e eles me transferem para a realidade e ai posso
me ver de frente,ali em pé parada com a velha estranha sensação de não pertencimento.
A insensatez de lágrimas que já não escorrem, a lucidez de se perder dos outros.

É o meu telefone que toca insistentemente as quatro horas da manhã, sou eu tomando susto,
sou eu no mesmo telefone horas antes tendo por companhia um amigo.
São só resquícios de uma noite e eu não entendo porque nem sempre é fácil deitar e esquecer.
E não entendo porque existem loucuras permitidas e as de outros é inibida e proibida.
Ana Fenner

Luzes

A cidade e suas luzes me encantam. É a noite que eu me encontro e me revelo. BH é uma cidade fascinante neste horário em que a maioria adormece, é ai que se pode ver com mais clareza. O ônibus se perde por ruas já conhecidas, as pessoas que estão a transitar parecem mais leves e mais verdadeiras. Eu tenho medo do destino e fico a observar as coisas transitarem ali do lado de fora. Talvez eu goste das luzes da cidade por uma falsa ilusão que elas me aproximem das estrelas. Ps: nem tudo precisa ser visceral e profundo o tempo todo
Ana Fenner

Paz





Uma paz ligeira invade este meu coração errante. Este meu coração leviano que só faz se apaixonar, que só faz acelerar diante das emoções mínimas, que se alegra com cada conquista do bem. É paz o sentimento do momento, paz e calma. Às vezes é devagar que se chega ao destino desejado. Por hoje não gritarei por cima de telhados, por hoje não armarei nenhuma revolução, por hoje vou apenas me encantar com o azul do céu, vou apenas escutar o vento a soprar, vou entender e perdoar. E se não puder perdoar vou desculpar. Porque não sou perfeita e ainda há coisas que não são verdades para mim. Por hoje não vou me culpar nem remoer velhos remorsos, por hoje vou admitir que errei e ainda não sei o motivos que me levam a cometer certos erros, mas afinal sou humana e nesta condição que me encontro a única verdade é o progresso diário. Por hoje vou deitar em meu jardim, fechar os olhos e sonhar com anjos. Porque estou aprendendo a construir meu jardim e cultivar borboletas.
Ana Fenner

Revolução


É preciso olhos pra se ver. É preciso alma pra se sentir. Com caneta e papel ganho liberdade. Com caneta e papel me liberto dos meus medos, desabafo minha tristezas e me perco num mundo que só existe em mim. Se você tem olhos como é que passa por isso sem perceber, se você tem alma como é que não sente, ou será só mais um disfarce? O mundo é mais do que baladas e fantasias, tem gente se perdendo por ai, tem gente que já não sabe como voltar e é preciso uma revolução urgente. Revolução de sentimentos. Comecemos colocando o amor, aquele mandamento básico, em primeiro lugar. Depois vamos correr atrás do prejuízo e dar a mão a quem tanto precisa. Eu preciso de você, preciso ter folhas e tintas pra sobreviver a esse turbilhão de emoções. Preciso urgentemente de afeto sincero e do teu olhar pra enfrentar toda a insensatez que há em mim e neste planeta que habito. Faça algo por você, se declare amante de tudo o que é vivo. Faça algo por mim saia do seu pequeno universo e olhe ao redor você vai descobrir que há muita coisa a ser feita e é preciso começar agora.
Ana Fenner