02 março, 2009

Mascara's


Costurei retalhos de uma vida, juntei com retalhos deste ultimo ano e chego a incontestável conclusão que sou artista de mim mesmo. Pelo palco me invento, me desmancho e reconstruo. Faço dos espectadores personagens deste filme que vejo em preto e branco e por vezes colorido. Vou jogando o jogo no qual sou apenas peça e me deixo jogar. Vou recriando os cenários, vou refazendo meus personagens prediletos e me esqueço do canhão de luz que parece apontar sempre na direção oposta. Eu armo um escândalo interno pra brigar, mas sou incapaz de desferir uma palavra dura a você, tenho ensaiado falas românticas que engulo com meu orgulho ferido, tento um contra ataque, mas não existe “contra regras” e eu apenas sigo. Vou pisando sutilmente no palco, às vezes ensaio uma revelação, mas minhas máscaras já fazem parte do que sou. Você que vê, enxerga apenas o que deseja, para uns sou santa, pra outros palhaço, já fui a mocinha, protagonista, figurante, puta, ingênua, culpada e vitima. Olho para este palco, olho nos olhos daquele que me vê por minutos em cena e se considera capaz de um julgamento verídico da minha personalidade. Não conheço a mim porque então se julga capaz de me reconhecer? Sou tudo e não sou nada, a mim cabe juntar os retalhos espalhados pelo quarto e fazer com que eles façam algum sentido. E se acaso tiver curiosidade de que sou feita eu mesmo lhe direi: sou feita de papel, aço e ossos. Flexível, forte e quebradiça.
Ana Fenner

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